Saiba por quais crimes podem responder os alvos de operação que investiga manipulação de resultados de jogos de futebol

Saiba por quais crimes podem responder os alvos de operação que investiga manipulação de resultados de jogos de futebol

Grupo pode responder por organização criminosa e corrupção em âmbito desportivo, segundo MP. Operação prendeu 3 pessoas e cumpriu 20 mandados de busca e apreensão em casas de jogadores e apostadores.

Foto mostra Ministério Público de Goiás em casa de investigado na Operação Penalidade Máxima — Foto: Divulgação/Ministério Público

Os alvos da 2ª fase da Operação Penalidade Máxima, que apura a manipulação de resultados de jogos de futebol, podem responder por pelo menos dois crimes, caso sejam condenados, segundo o Ministério Público de Goiás (MPGO). Veja quais são os crimes e as possíveis penas:

  • Organização criminosa: pena de 3 a 8 anos de prisão e multa;
  • Corrupção em âmbito desportivo: crime previsto no Estatuto do Torcedor, com pena de 2 a 6 anos de prisão e multa.

Segundo o promotor Fernando Cesconetto, durante os cumprimentos de mandados de prisão e busca e apreensão, o MP encontrou granadas e armas nas casas de dois suspeitos que já tinham mandados de prisões preventivas expedidos contra eles. Portanto, quando foram encontradas as armas e granadas, eles também foram autuados pelo flagrante dessas apreensões e, por isso, devem responder por estes crimes.

O Ministério Público detalhou que as granadas encontradas são de "efeito moral" - "um material bélico que geralmente é utilizado por forças de seguranças e forças armadas. Após a apreensão, as granadas e armas, que foram encontradas em casas diferentes, foram encaminhadas à Polícia Civil.

Segundo o Ministério Público, o preso que se encontrava com as granadas será questionado sobre como ele conseguiu esse material.

Armas e granadas apreendidas pelo Ministério Público de Goiás, em São Paulo — Foto: Divulgação/Ministério Público

De acordo com o promotor, o MP ainda vai investigar outros possíveis crimes cometidos pelo grupo e não descarta que algum dos suspeitos tenha envolvimento com lavagem de dinheiro, que tem pena de três a dez anos de prisão e multa.

Ao todo, três pessoas foram presas em São Paulo e o MP cumpriu 20 mandados de busca e apreensão em casas de jogadores e apostadores nesta terça-feira (18), quando a segunda fase da operação foi deflagrada. A primeira fase da operação aconteceu em fevereiro deste ano e um apostador chegou a ser preso

O promotor explicou que, nos jogos investigados nesta segunda fase da operação, os jogadores receberam propostas para marcarem cartões amarelo e vermelho, além de até mesmo promoverem a derrota do próprio time.

A suspeita do MP é que os jogadores receberam propostas de receberem entre R$ 50 mil e R$ 100 mil para fazerem as ações previamente combinadas com os apostadores. Os jogos investigados aconteceram em 2022.

Jogadores Victor Ramos, Igor Cariús, Gabriel Tota e Kevin Lomonaco️️️, investigados na Operação Penalidade Máxima, do Ministério Público de Goiás — Foto: Julia Galvão/ACF, Marlon Costa/Pernambuco Press e Reprodução/Instagram Gabriel Tota e Kevin Lomonaco️️️

Confira quem são alguns dos alvos da segunda fase da operação:

  • Victor Ramos, ex-Palmeiras, Vasco e Vitória, e atualmente zagueiro na Chapecoense;
  • Igor Cariús, lateral-esquerdo do Sport Recife;
  • Kevin Lomonaco️️️, jogador do Red Bull Bragantino;
  • Gabriel Tota, jogador do Esporte Clube Juventude.

O g1 tentou contato com os jogadores por meio das redes sociais na tarde desta terça-feira (18), mas não obteve retorno até a última atualizção desta reportagem.

Promotores do Ministério Público durante coletiva sobre Operação Penalidade Máxima 2, em Goiânia, Goiás — Foto: Danielle Oliveira/g1

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Entenda como agia o grupo

O MPGO, por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e da Coordenadoria de Segurança Institucional e Inteligência (CSI), já apurou que o grupo criminoso conseguiu manipular resultados de jogos de futebol após subornar jogadores. A investigação mostrou que os jogadores recebiam entre R$ 50 mil e R$ 100 mil para que realizassem ações específicas durante as partidas.

Na primeira fase, a investigação mostrou que o esquema funcionava da seguinte forma: os apostadores faziam propostas para atletas marcarem pênaltis nos primeiros tempos de cada jogo. Caso os jogadores aceitassem, era feito o pagamentos do “sinal”. Após a partida, caso o pênalti tivesse sido feito, os jogadores receberiam o restante do valor combinado.

Na segunda fase, o Ministério Público descobriu que o grupo investigado pedia também aos jogadores que eles tomassem cartões amarelo e vermelho, além do pedido para a derrota de um time. De acordo com o MP, há indícios de que as condutas solicitadas aos jogadores tinham como objetivo que os investigados conseguissem altos lucros em apostas realizadas em sites de casas esportivas, usando, ainda, contas cadastradas em nome de terceiros para aumentar o retorno financeiro.

A investigação começou em novembro de 2022 após uma denúncia feita pelo próprio Vila Nova, que é vítima no esquema, segundo o MP.

Primeira fase da operação

A operação "Penalidade Máxima" foi deflagrada no dia 14 de fevereiro deste ano e, na época, cumpriu nove mandados de busca e apreensão, sendo dois deles em Goiânia e outros em quatro estados. Durante a ação, o empresário Bruno Lopez de Moura foi preso temporariamente, em São Paulo, suspeito de ser responsável pelas apostas e de intermediar contatos com jogadores. Bruno deixou a prisão após uma decisão do Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO).

A investigação do Ministério Público apurou que um jogador do Vila Nova teria recebido um “sinal” de R$ 10 mil para provocar um pênalti no primeiro tempo de jogo. Se o pênalti fosse marcado - o que não aconteceu, ele receberia mais R$ 140 mil. Como a marcação não foi feita, o apostador teria começado a “cobrar” o jogador pelo prejuízo na aposta.

No dia 16 de março deste ano, o g1 mostrou que, após o Ministério Público de Goiás (MPGO) oferecer denúncia e a Justiça aceitar, os investigados em esquema que fraudava resultados de jogos do Campeonato Brasileiro se tornaram réus.

Ao todo, oito jogadores e mais seis integrantes de "núcleo de apostadores" foram denunciados por corrupção em competições esportivas, entre eles, o empresário Bruno Lopez de Moura, que chegou a ser preso em São Paulo, e o ex-jogador do Vila Nova Marcos Vinicius Alves Barreira, conhecido como Romário.