Empresário baleado em bar junto com o filho afirma que PM atirou neles após se irritar ao ouvir comentário sobre lotação em mesas: 'Levantou e atirou'

Empresário baleado em bar junto com o filho afirma que PM atirou neles após se irritar ao ouvir comentário sobre lotação em mesas: 'Levantou e atirou'

Pai e filho foram encaminhados ao Hugol e receberam alta. Policial Caio César de Souza Dias teve a prisão mantida pela Justiça.

Um empresário de 42 anos, que preferiu não se identificar, disse que ele e o filho, de 16, são as vítimas baleadas pelo policial militar Caio César de Souza Dias, de 35 anos, em um bar de Goiânia. Caio foi preso e, segundo o empresário, a confusão começou por causa de um comentário que ele fez com a esposa pela lotação do estabelecimento.

“O garçom arrastou a mesa [mais de uma vez, por conta da lotação], mas para mim era normal, eu comentei com a minha esposa: ‘Pô, daqui a pouco nós estamos sentados um no colo do outro’. Quando eu falei isso, o cara virou para mim, porque ele tava bem próximo, e falou: ‘O que você falou aí?’. Levantou, já ‘sentou o dedo’ [no gatilho] e atirou”, relembrou.

O g1 tentou contato com a defesa do policial militar preso, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.

A confusão aconteceu no bar Velho Texas, na madrugada do último domingo (30) (veja vídeo abaixo). O empresário contou que o primeiro tiro acertou no peito dele. Assustado, o filho levantou e o PM atirou nas costas do adolescente, segundo o pai. Ainda revoltado com a situação, o empresário disse que o PM só não atirou mais vezes porque foi contido por amigos.

                                 “Os amigos dele foram segurá-lo e ele dizia ‘Me solta, me solta, porque eu                                          sou  policial, pra mim não vai dar nada'”, contou o empresário.

Adolescente ferido após tiros em bar de Goiânia; Policial Militar Caio César de Souza Dias é suspeito de efetuar os disparos — Foto: Montagem/g1 Goiás

Pai e filho foram encaminhados ao Hospital Estadual de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol) e receberam alta. Segundo o empresário, a bala ficou alojada no corpo do adolescente, porque a equipe médica avaliou que era mais prudente não retirá-la.

A PM

Segundo a Polícia Militar (PM), o sargento admitiu ter efetuado os disparos e alegou ter agido em legítima defesa, afirmando que as duas vítimas teriam lhe agredido.

A PM informou ainda que o caso aconteceu enquanto o militar estava de folga, mas que "já iniciou os procedimentos para análise de sua conduta". A corporação enfatizou "que não compactua com nenhum tipo de desvio de conduta e está à disposição da justiça".

Caio César de Souza Dias, suspeito de atirar contra homem e adolescente em bar de Goiânia — Foto: Reprodução/Instagram

O bar

Ao g1, a equipe de comunicação do Velho Texas disse que não registrou "nenhuma confusão dentro ou fora da casa enquanto ela estava funcionando" na madrugada deste domingo (30) e que não responde pela área de anexo do prédio, que funciona em frente ao local. A reportagem não conseguiu contato com o responsável pelo anexo. Apesar disso, no vídeo que circula na internet é possível ouvir clientes assustados e gritando por conta dos tiros e mencionando o bar em questão.

A confusão

A confusão aconteceu por volta da 1 hora, na Alameda Dr. Sebastião Fleury, no Setor Marista. Segundo o boletim de ocorrência, testemunhas relataram que houve uma briga com troca de agressões dentro do bar e que, em determinado momento, o policial sacou a arma e efetuou os disparos, atingindo as duas vítimas. Uma delas foi ferida na lateral direita do tórax.

Segundo a PM, o suspeito disse que agiu em legítima defesa por ter sido agredido pelas vítimas, mas não soube explicar o motivo das agressões. A razão que motivou a confusão também não foi informada.

O Corpo de Bombeiros foi acionado e prestou socorro às vítimas. Em seguida, as encaminhou para o Hospital Estadual de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol). A unidade médica informou que, após receberem atendimento médico, o homem e o adolescente tiveram alta hospitalar no início da manhã.

O boletim de ocorrência também afirma que, quando a polícia chegou ao local, a arma utilizada no crime estava com um dos seguranças do bar. O funcionário foi quem entregou a pistola para a equipe policial.

A polícia conduziu o suspeito para o Instituto Médico Legal (IML) para a realização de um exame de corpo delito. O resultado mostrou que o militar, de fato, apresentava escoriações e hematomas. Na sequência, ele foi levado para a Central de Flagrantes.