Inquilino denuncia que foi vítima de homofobia ao ser espancado e ter dentes quebrados por dono de imóvel: ‘Falou que viado merece apanhar’

Inquilino denuncia que foi vítima de homofobia ao ser espancado e ter dentes quebrados por dono de imóvel: ‘Falou que viado merece apanhar’

Morador disse que agressão aconteceu após o homem pedir que ele saísse do imóvel e cobrar, além do valor do aluguel, mais R$ 90 – o que ele teria se recusado a pagar. Polícia investiga.

Um inquilino denuncia que foi espancado e teve os dentes quebrados pelo dono do imóvel que alugava, em Trindade, na Região Metropolitana de Goiânia. O operador de caixa Divino Marcos de Jesus Pereira, de 36 anos, disse que foi agredido após o homem pedir que ele saísse do imóvel e cobrar, além do valor do aluguel, mais R$ 90 – o que ele teria se recusado a pagar. Ele acredita que o dono do imóvel agiu motivado por homofobia.

                        “Ele veio logo atrás e me deu um soco na boca que quebrou meus três dentes da                              frente. Pegou meu capacete e bateu na minha cabeça. E o tempo todo me dando                              soco na cabeça, falando que ‘viado merece apanhar mesmo’”, desabafou o inquilino.

Até a última atualização desta reportagem, o g1 não havia obtido contato com a defesa do suspeito para que se posicione. Até por volta de 16h desta segunda-feira (24), a informação é de que ele ainda não tinha sido ouvido pela Polícia Civil.

A agressão aconteceu na última sexta-feira (21), no Setor Central. Conforme o relato da Polícia Civil, a vítima contou que vivia no apartamento alugado pelo suspeito há cerca de três meses e que o suposto autor também mora no mesmo prédio.

Inquilino Divino Marcos de Jesus Pereira denuncia que foi vítima de homofobia ao ser espancado e ter dentes quebrados por dono de imóvel, em Trindade, Goiás — Foto: Arquivo pessoal/Divino Marcos de Jesus Pereira

O inquilino relatou que, inicialmente, o dono tinha pedido que ele entregasse a casa até 7 de julho, só que, no dia seguinte, falou que tinha errado a data e pedido para que ele saísse em 1º de junho.

Após isso, o morador teria dito que iria sair antes, em 1º de maio, e eles entraram em um acordo. Contudo, quando o inquilino pagou ao homem o valor do aluguel adiantado até a data de saída, o dono disse que tinha faltado R$ 90. Nesse momento, o inquilino teria se recusado a pagar a quantia “a mais” – o que teria motivado o início das agressões e ofensas.

"Eu paguei o valor certo, mas ele falou que estava faltando. Eu tinha negociado com ele de eu pagar na saída e ele não esperou, já veio me agredindo de ruindade, me xingando de bicha, de viado, falando que eu tinha que morrer", disse.

Além disso, o dono do imóvel ainda também teria pedido que o morador entregasse o controle remoto de acesso ao prédio - o que o inquilino também não aceitou, já que ficaria mais alguns dias no apartamento.

Inquilino Divino Marcos de Jesus Pereira, antes de ser vítima das agressões por dono de imóvel, em Trindade, Goiás — Foto: Arquivo pessoal/Divino Marcos de Jesus Pereira

Conforme o relato da ocorrência, nesse momento, o dono do imóvel começou a ofender o morador, o chamando de “viadinho” e “filho da puta”, e ainda o agrediu com socos no rosto e golpes de capacete. Depois, o homem ainda teria tomado o controle remoto do portão e dito que a vítima não poderia mais entrar no imóvel.

O inquilino disse que só não foi morto porque um amigo, que passava de carro pela rua, o viu sangrando e parou para ajudá-lo. A Polícia Militar foi chamada, mas o homem teria fugido do local junto com a esposa.

“Ele só não me matou porque meu amigo me viu sangrando e parou o carro”, disse.

O caso foi registrado na polícia como lesão corporal, injúria racial e exercício arbitrário das próprias razões, que significa “fazer justiça com as próprias mãos”.

Ao g1, o delegado Vicente Gravina, da Polícia Civil, informou que irá prosseguir com as diligências do caso e que, como não se trata mais de situação de flagrante, o suposto autor deve ser intimado para prestar depoimento, assim como as demais testemunhas.